sábado, 10 de setembro de 2011

Hoje sonhei que só tinha um ano de vida e fui ver o pior filme desde há muitos meses

- Tens leucemia devido a um tumor no pescoço. - contou-me a mãe.

Por momentos o universo caiu-me aos pés.

- Mas é curável, certo? - perguntei receosa.

A mãe olhou para mim, como se tivesse de verbalizar as palavras mais improferiveis do mundo:

- Tens um ano de vida.

De repente uma sensação de sufoco apoderou-se de mim e o cenário mudou.


- Tens de fazer tudo o que puderes até lá. - dizia a Elsa.

Mas eu sabia que não podia fazer tudo o que pudesse até morrer.

Acordei com a certeza de que assim que fizesse 18 anos iria imediatamente dar sangue.


Hoje a mesma pessoa que em sonhos me disse que tinha de fazer tudo até lá fez anos, e fomos ao cinema ver o Amigos Coloridos que é só merdoso e dá uma vontade súbita de sair a correr da sala para vomitar.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Festa do Avante










Peço desculpa, mas até domingo só existem dois países: a Quinta da Atalaia e o resto.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Se fosses torturada, falavas?

"Se fosses torturada, falavas?" Perguntaram-me há dias.





"Arrastavam-na através do corredor cinzento, despido e húmido. Na sua cabeça esforçava-se por visualizar a expressão de todos aqueles que amava e a haviam amado.


Imagens efémeras e distantes, eram tudo o que tinha para se manter agarrada à razão.


Era nisto que pensava, na efemeridade das memórias amadas, quando a deitaram à força na maca, pendendo-a com força a fivelas de couro. Nem se lhe tinha sido concedido o direito de se contorcer de dor.


Recusando-se a olhar sequer para o seu agressor, que de certo não cederia ao seu olhar amedrontado e suplicante, fechou os olhos, como que antecipadamente desejando o desmaio.


Sentiu uma mão de borracha levantar-lhe a camisola.


Ia começar daí a segundos.


Foi de olhos firmemente cerrados e com os dentes a morder desesperadamente os lábios que sentiu o ferro quente a perfurar-lhe a pele, no lugar do umbigo, através do qual estivera um dia ligada à sua mãe.


A sua mãe.


FALA!


Mãe!


No meio da dor infinita provou o sabor metálico do sangue. Perfurara o lábio com os dentes. Gritou então um grito tão sofredor que talvez matasse.


Sentiu o ferro escaldante perfurar-lhe a carne, descendo através do ventre.


FALA!


Ele. Ele não falaria. Eles não falariam.


Gritou então um grito de amor que não ouviu.


FALA!


O ferro deslizava, cortante cada vez mais através de si. Já não sabia onde sentia a dor. Tentou mexer-se, estrangular-se talvez, não conseguiu.


FALA!


Quero falar, quero falar. O ferro incandescente quase entrando dentro de si.


FALA!


A dor, aquela dor, perfurando-a. Aquela dor que a penetrava. Iam matá-la. MATEM-ME! Não tinha a certeza de a terem ouvido, embora o grito tenha feito eco a cada um dos seus poros.


FALA, E JURO QUE TE MATO DE SEGUIDA!


Elas, as memórias, buscava-as desesperadamente, o brilho de um olhar, a recordação de um cheiro, a suavidade de uma tez... Nada, á dor infernal cavando através de si apoderara-se de tudo.


Gritou de novo, pois de certo falaria se não gritasse.


MATEM-ME!


Já não aguentava mais, abriu finalmente os olhos. Esbugalhou-os. Tudo branco. Voltou a fechá-los e desmaiou."



quarta-feira, 20 de julho de 2011

Um minuto na minha cabeça


Em que vou pensar primeiro? A Madalena já fez isto. Já nao estou a pensar no que escrevi. E no que escrevi que escrevi. Torre de Belém. Bea Marques. British people I met today. London. Trip cancelled. Fuck 'em. I'm thinking in English. Já chega. Acampamento este fim de semana. Carolina. Elsa. Até é fixe. Tenda. Salsichas de Soja. Os pensamentos são imagens acompanhadas por uma voz off que achas que é a tua. Ou não. Sono. Os Maias. Estoua gostar mas devia empenhar-me mais. Leio mais na casa do pai. Pai. Quirina. Sofia. Mãe. A Mãe e a Sofia a dormir. Também quero dormir com a Mãe. Joy Division. Cristal Castles. Viciada no Tell Me What To Swallow. Posso pôr a tocar no blog agora que decidi avançar de novo com isto. Estúpido escrever para um ecrã e para uma pequena dezena de pessoas que não conheço. Diário vivo. Cada pessoa que ler os meus pensamentos estará a tirar um bocado de mim. Não sei se gosto. Alice Glass. Gostava de me chamar assim. Só falta o Glass. Toda a gente diz Alice no País das Maravilhas quando me apresento. Ok. Núria. Núria outra vêz. Quero ligar-lhe mas não sei. Não sei se quer. Não sei se quero. Quero um rapaz. Namorado não, um rapaz. Não quero. Mas até quero. Que venha se quiser. Caga nisso. Cabelo pelo queixo. O Pinheiro perguntou porque é que fiz um corte à anos 50. Não queria propriamente que fosse à anos 50 mas gosto. Metro. Telemóvel. Maias. Ballet. Conservatório de Dança. Pessoas do Conservatório de Dança. Tenho de comprar umas pontas novas. 80€. Mala. Viagens. Madrid. Bolos de ontem à noite. Dormir. Obsessões e vicios. Comunismo. Camaradas. Sono. Olhos. Já não vou ler. Que se foda isto, vai ler. Reler. Tivoli. Chega.

A arrogante e aparentemente irrevogável verdade do dicionário a duas perguntas claras

Morte 1 acto ou efeito de morrer; 2 interrupção definitiva da vida; termo da existência; 3 cessão das funções vitais; 4 desaparecimento gradual; acabamento; fim; 5 acto ou efeito de matar; homicídio; 6 extinção total; destruição; 7 causa de ruína; desgraça; 8 grande desgosto; sofrimento intenso; 9 pena capital


Existência 1 facto de existir; fazer parte da realidade material ou imaterial 2 vida 3 estado do que é real 4 realidade

Fecho os olhos



Respiro fundo. Tudo parece estar bem através da cortina transparente que é a minha percepção da vida.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

E é assim, que sem re(sentimentos) apaguei todas as mensagens antigas. Afinal, tudo tem um fim e um consequênte principio.


Este blog não será de certo o mesmo, porque também eu mudo todos os dias. Podem não gostar do que aí vem. Podem adorar. Pode ser-vos completamente indiferente.


Mas para que conste, uma coisa não mudará: continuarei a escrever para mim.